sábado, 17 de outubro de 2009

Por que acreditar?


Conversando com uma amiga, fui perguntado sobre o motivo de não crer em Deus, e se eu tinha algum tipo de “revolta” contra Ele. Ora, mas é claro que eu não tenho nada contra Deus, a não ser, é claro, pelo fato Dele não existir.

            Mas será que a pergunta não está invertida? Por que, quando falamos de religião, precisamos de motivos (muitos) para não acreditar, enquanto, em qualquer outro assunto, precisaríamos de provas, ou pelo menos evidências claras para sequer levar a sério o que nos é dito? Ou melhor, por que as pessoas vão contra todas as evidências quando estas contradizem sua fé? Afinal, por quais motivos tantas pessoas creem em Deus?

            Consegui pensar em quatro motivos evidentes e bastante comuns, se alguém pensar em outro, poste nos comentários:

1.    1. Doutrinação Infantil:

É o caso da maioria das pessoas que nascem em famílias religiosas, quando você é criança, não sabe distinguir fantasias do “mundo real”, portanto, acredita facilmente em tudo o que é dito: Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Bicho Papão etc. Com Deus isso não é diferente, a não ser pelo fato de que Ele não é desmentido quando atingimos a puberdade.
Além disso, temos a questão do “botar medo”, com historinhas bastante indicadas para crianças do tipo: “Deus existe e se você não acreditar Nele, quando morrer vai pro inferno. Que é um lugar pra onde vão as pessoas más. É um lugar onde você vai sofrer e queimar no fogo por toooda a eternidade, enquanto a mamãe vai estar no bem bom do paraíso”. Bem, confesso que eu fui vítima da doutrinação infantil, e aposto que a grande maioria dos religiosos.
Outra maneira simples de explicar esse fato é apenas dizer que, você acredita no seu deus apenas por que seus pais acreditam e te passaram isso, se eles acreditassem em qualquer um dos milhares de deuses existentes, seria neles que você acreditaria, com tanta, ou até mais convicção do que acredita no seu.

2.  Necessidade Emocional:

Não posso negar, de maneira nenhuma, que poucas coisas confortam mais do que achar que depois de morrer, será recompensado com um lugar perfeito, com todas as pessoas que ama, por toda a eternidade, principalmente para alguém que acabou de perder um ente querido, ou está em seu leito de morte.
E confesso também que isso valeria a pena todo o “esforço” e o dinheiro pago pelas pessoas que acreditam.  Mas, sobre isso, posso dizer duas coisas:
Toda moeda tem dois lados, e, o medo e o sofrimento imposto às pessoas que acreditam no inferno quase “compensa” a satisfação de um paraíso. Não só individualmente, mas, imagino que deve ser muito triste para minha mãe achar que eu vou para o temível inferno quando morrer, e suponho que, se eu me for antes dela, isso multiplicará sua dor imensamente. Do mesmo modo que o céu é um ótimo consolo, o inferno é um fardo terrível, e muitas pessoas deixam de viver suas vidas plenamente por causa disso.
O fato de existir um Deus pode ser confortável, mas isso não significa de maneira nenhuma que seja real. Para mim, seria muito confortável saber que tem um milhão de reais em baixo da minha cama agora, mas, por mais que eu tenha fé nisso, não tem, infelizmente.

3.  Necessidade Moral:

Há quem diga que, se não existe um deus, não temos porque ter moral, podemos sair por ai matando, estuprando, roubando etc. O que eu digo disso? Duas coisas:
Nunca saí por ai matando, estuprando, roubando etc. E como disse Einstein: “Se somos bons apenas por almejarmos uma recompensa e temermos um castigo, então somos uma raça realmente detestável”.
Se você descobrisse hoje que não há nenhum deus (apenas por suposição), sairia por ai matando, estuprando e roubando as pessoas? Se a resposta for não, já temos dois exemplos claros de que nossa moral vêm de nós, não de deus. Se for sim, tenho medo de você, e acho que você não vai pro céu.
E, a mesma coisa do que o item anterior, o fato de alguém precisar de Deus para se comportar bem não significa que ele exista.

4.  Necessidade de Explicação Simples e Momentânea:

Não achei um termo melhor, já que “necessidade de explicação” eu também tenho, muitos tem, a diferença, é que os teístas, e, neste caso, os deístas também, tem necessidade de uma explicação aparentemente simples e momentânea, que normalmente leva a algo sobrenatural. Acho que nenhum cientista no mundo discorda de mim quando eu digo que a ciência moderna não explica tudo, me atrevo a dizer que ela explica uma fração muito pequena da vida, da mente humana, da natureza, e, principalmente do Universo. Mas isso deve-se em maior parte, pelos milênios em que as pessoas (salvo alguns grandes gênios da historia da humanidade) contentavam-se com “Deus quis assim”, ou “Os deuses quiseram assim”, principalmente na Idade Média, onde, além de tudo, a Igreja ainda matava que tentasse descobrir algo.  Felizmente, com o passar do tempo, a ciência vem cada vez mais explicando coisas que eram antes explicadas com mitos, com sobrenaturalismo e com deuses. Isso está cada vez mais claro, e a cada descoberta, a cada experiência, Deus vem ficando mais fraco, “com menos trabalho”. O melhor exemplo disso é a Teoria da Evolução e do Ancestral Comum, que “tirou” de Deus a necessidade de ter criado a vida que conhecemos hoje. Portanto, quando pensar que “tanta complexidade não pode ter surgido do nada”, lembre-se de tudo que a ciência já fez, e pense que isso será só mais um obstáculo que, mais cedo ou mais tarde, será ultrapassado, e acreditar que “foi Deus quem fez assim” será tão cômico quanto hoje é acreditar que a Terra é quadrada e plana, que existem monstros marinhos e que andando de barco é possível chegar no fim do Planeta e cair em um abismo eterno.

Muito obrigado pela atenção, até uma próxima oportunidade.

8 comentários:

  1. Rs...é engraçado que mesmo você não acreditando em Deus, ainda assim quando se referiu a Ele, escreveu tudo com letra maiúscula. Por que será?

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  2. Pelo motivo de que (pelo menos na minha cabeça) o pronome pessoal "ele", quando se refere ao deus cristão, deve ser escrito com letra maiúscula, por uma questão de gramática. Se não existe essa regra, foi apenas um engano. (:

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  3. Eu diria apenas questão de costume, eu as vezes escrevo com letra maiúscula. Não vejo nada de errado em colocar em letra maiúscula.. mas preferencialmente em letra minúscula.

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  4. Eu realmente achava que era regra. Mas, se não é, começarei a escrever com letra minúscula. E um pouco é costume também, como disse no meu outro texto, era católico até não muito tempo.

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  5. Eu perguntei pro meu professor e ele disse que não está errado escrever com letra maiúscula.. deus num tem nem nome.. se fosse Hércules, Thor, Hórus, deveria ser escrito com letra maiúscula porque se refere a um nome próprio.

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  6. Na verdade isso é hábito, tradição, como quando nós dizemos:"Minha nossa!" ou então "Meu deus"...enfim, é irrelevante...o que importa é o conteúdo do texto!

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  7. Bom, foi apenas uma observação. O blog é bom, mesmo eu não sendo ateu e discordando de muita coisa. William.

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  8. Fique a vontade para discordar e dizer suas ideias. Eu teria prazer em ler e comentar.

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