segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dinossauros, evolução e uma teoria


     
Na minha época de escola nunca tinha ouvido falar sobre evolução, só fui conhecer formalmente isso lá pelos meus 15 anos, mas o primeiro contato que tive com ela não foi no colégio e sim no cinema. Eu adorava (e ainda adoro) um filme do Steven Spielberg, o tal do filme se chamava Jurassic Park, ou Parque dos Dinossauros. Desde meninote eu assistia com afinco ao filme e me encantava com aqueles dinossauros, com os cientistas, com os fósseis completos encontrados em algum deserto dos Estados Unidos (só em filme mesmo pra que isso aconteça) e me atentava com a atenção de um cão de guarda em todos os termos técnicos do filme. Não entendia as expressões que falavam sobre DNA, genes, genética, homeotermia, pecilotermia, recombinação gênica, paleontologia, amina ou lisina ou qualquer outra expressão comum no meio acadêmico. O paleontólogo principal do filme se chamava Dr. Grant e era casado com uma paleobotânica, a Dra. Satler. Logo no começo do filme o Dr. Grant encontra o fóssil completo - sim, pasmem,  completo- de um velociraptor. O bicho estava tão bem conservado que parecia que havia sido colocado ali pela mão divina. Enquanto fazia algumas inferências sobre o comportamento do bicho, hábito de vida e várias outras coisas mais para uma pequena platéia que se ajuntava próximo dele via-se um garoto zombando e rindo do que ele falava. O Dr. Grant dizia que aquele bicho era muito mais aparentado com uma ave do que todo mundo pensava que era.

     A discussão no filme é mais importante do que parece ser. Embora não fosse o cerne do filme que ganhou sei lá quantos Oscares e faturou milhões o filme teve uma significativa importância (e não me refiro as enormes quantias de dinheiro que os fabricantes de brinquedo e as gráficas ganharam publicando barbaridades de coisas, enfim). O filme não trouxe interesse apenas em dinossauros, trouxe interesse e curiosidade em história natural, em paleontologia, em zoologia e é claro: em evolução. Quando alguém fala de evolução aposto minhas calças como os assuntos subsequentes serão deus e a palavra teoria. Num país como o Brasil em que mais de 95% da população é religiosa ou acredita em 'algo maior' (eu sempre digo que acredito no King Kong) o assunto não poderia ser outro que não ele, o todo poderoso, mas isso faz parte de um outro texto. A segunda coisa que as pessoas vão falar é que é apenas uma teoria, algo um pouco mais digno que uma mentira. Seja lá qual for o assunto a ser falado depois de evolução ambos convergem para um mesmo fim: a não aceitação de que as espécies evoluem, ou simplesmente se modificam e se transformam. No senso comum é corriqueiro a utilização do termo teoria como algo com pouco crédito, sem muito valor. A evolução é um fato não mais questionado no meio acadêmico há muito tempo, a teoria da evolução por seleção natural é a teoria. As pessoas confundem coisas tão distintas, é um absurdo! Uma comparação compatível seria igualar um pato e uma jaboticabeira. O fato é algo que é palpável, que é sustentado por inúmeras provas e que evidência algo; no caso da evolução existem muitas provas, o registro fóssil, a similaridade entre as espécies atuais e extintas, o DNA em comum com todos os seres vivos, entre outros. Já uma teoria tem o papel de tentar explicar como os fatos se deram (aconteceram nesse caso). É nessa hora que Darwin entra na história e percebe-se o quão grandioso este homem foi. Darwin, um simples homem conseguiu teorizar a evolução de forma a torná-la algo compreensível e acima de tudo desmistificou algo que há muito todos sabiam, mas não admitiam. Darwin e Wallace encontraram independentemente uma mesma forma de explicar como as espécies evoluíam!

    Hoje eu não saberia viver sem o fato da evolução. Talvez a teoria da seleção natural ainda possa ser modificada, não sei, as coisas podem mudar. Por enquanto ao meu ver ela é a única capaz de explicar como de um início tão simples as espécies continuaram a se modificar e a evoluir. Fico triste que as pessoas não se interessem por um assunto tão importante como esse. Fico mais triste ainda que as pessoas tenham medo de estudar a evolução, como se ela fosse um bicho de sete cabeças ou um dragão qualquer. Chega a ser injusto uma escola não mostrar as crianças um fato como esse. Fato tão importante quanto o fato de o sol ser responsável pela vida na terra, ou o fato de que não devemos roubar nem matar. Ignorar um fato desses com ou sentimento é matar um pouco de cada criança e ser curioso dentro de cada um de nós. Cabe a mim agradecer a Darwin, ao Wallace, ao Gould e a todos os outros evolucionistas convictos assim como eu. E é claro, não poderia me esquecer, ao Dr. Grant.

domingo, 10 de outubro de 2010

Um apelo a razão



Uma rocha, uma folha, a asa de um inseto ou mesmo uma simples pegada. São todas informações naturais, que estão ali porque fazem parte do mundo natural. A ciência tem como essência (embora essa palavra seja inadequada) a busca de respostas naturais para os eventos, sejam biológicos, físicos ou químicos. Em pleno século 21, com a descoberta de novos corpos celestes, genes que produzem proteínas coloridas e um mapa do funcionamento detalhado de como o DNA é transmitido de geração em geração há uma projeção nada agradável de um futuro não tão distante assim. As pessoas continuam a se espantar com a grande quantidade de informações que se pode retirar de um simples objeto. Conheço algumas pessoas que acreditam que as coisas não tem razão, não possuem sentido e que elas existem e funcionam de uma forma perfeita e que devem ser sempre ininteligíveis. Algumas pessoas conformam-se com a idéia de um mundo estagnado e constante, que não sofre nenhuma alteração.

Jogue um copo de água sobre uma bacia. Jogue uma, duas, dez, vinte, trinta vezes e faça um estudo minucioso de como a água cai, de que formato ela cairá, de quão rápido isso vai acontecer e se a temperatura vai influenciar em algo. Faça isso durante vários dias, em várias condições e eu garanto pra você que você irá obter um padrão nisso tudo. Pode não ser um padrão fácil de se compreender, mas haverá um padrão. O âmbito da ciência não está na negação de deus ou de qualquer tipo de divindade, não está em deixar o complicado de lado. O objetivo final da ciência é entender, compreender e reproduzir algo, essa é a verdadeira tríade sagrada. Assumir que algo é impossível de se entender ou que não possui um padrão é aceitar a nossa ignorância como algo estável. O ser humano difere de seus companheiros de reino pelo fato de raciocinar, de tentar compreender e reproduzir as coisas, em síntese, o homem tem como primogênito a mesma tríade citada anteriormente.

Pra que algo tenha sentido ou razão não é necessário que ele se auto justifique. A razão está no fato de uma ou algumas seqüências seguirem um molde pré-definido e terem como conseqüência algo que seja previsível pela compreensão dos mecanismos anteriormente compreendidos. Aceitar que todas as coisas possuem razão implica na aceitação da lógica como único método capaz de prever um determinado evento. A aceitação da razão como única forma de compreensão do mundo é naturalmente a que melhor se adequa a sociedade moderna. Embora seja de difícil elucidação aceitar a razão é um passo natural na escala de progressão da humanidade. O método é o mesmo para qualquer evento que se queira compreender, entender e reproduzir: procure um padrão e você obterá todas as respostas! Tomo a liberdade de pegar emprestado o termo monofilia da biologia. Para uma compreensão sucinta do mundo natural (e o sintético também) o método é baseado sempre no mesmo modelo testável e é de uma forma tão simples, mas que pode ser tão complexo dependendo do fenômeno a ser estudado, que a diversidade de pensamento aflora. A justificativa de que tudo pode ser completamente compreendido é a arma mais poderosa para o desenvolvimento de todas as ciências e conseqüentemente uma melhor condição de vida para as pessoas.