sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ser voluntário, altruísmo e deus

Há certa espécie de ave que vive em bandos, uma grande família pra ser mais exato e todos neste grupo tem a importante missão de ajudarem uns aos outros. Isso não é uma metáfora nem um conto, é o mundo natural, sem a intervenção alguma do homem. Nesta pseudosociedade quando as aves são colocadas em perigo por um predador ou um inimigo em potencial sempre há uma sentinela, um guarda que tratará de alertá-los a todo o custo, arriscando a sua vida e as suas chances de sobrevivência pelos outros. Há certa vantagem se encararmos isso como um ato voluntário, mas, diferente do homem  as aves não são seres racionais, não são seres que pensam como nós, não são seres que possuem (pelo menos não comprovadamente) a capacidade de agir pensando em situações futuras. Sendo assim como podemos explicar algo tão complexo como o altruísmo?

Espécie de ave altruísta
                                                
O altruísmo está permeado na humanidade, desde os tempos mais longínquos, desde os primórdios da civilização. No começo da história do homem moderno as famílias , assim como muitas vezes acontece hoje, viviam muito próximas umas das outras. Um aglomerado de famílias é denominado hoje como tribo, e todos tinham o seu papel na tribo. Os homens, pelo seu tipo físico mais forte e mais robusto, melhor adaptado para situações que requerem mais esforços, tinham a importante missão de caçar e proteger suas famílias, enquanto que as mulheres, mais frágeis do ponto de vista físico, tinham a missão de recolher frutos e cuidar da prole, ou seja, de seus filhotes.  Algumas pessoas podem não compreender o que isso tudo tem haver com o altruísmo, tentarei ser mais sucinto. As famílias conviviam juntas por dois motivos principais: o primeiro deles é que em um grupo maior de pessoas teria uma vantagem maior e mais eficaz caso houvesse um ataque de um possível predador (lembre-se que estou falando dos primórdios da humanidade, quando ainda não haviam armas químicas nem poemas)  e a segunda vantagem era a de que as famílias pertencentes a uma determinada tribo tinham também a vantagem de que um cuidaria da prole do outro. Elucidando esta passagem anterior: imagine que a tribo imaginária ‘Pelesgrossas’ tenha dez homens, dez mulheres e vinte crianças, cada par de crianças resultado da união de um casal. Enquanto metade dos homens caça em um dia, e metade das mulheres saia para coletar frutos, sementes e água, por exemplo, a outra metade, os cinco homens e as cinco mulheres continuavam em ‘casa’ cuidando da prole daqueles que estavam fora, trabalhando para um bem maior, no caso trazendo subsídios para que esta mini sociedade continue a funcionar redondamente. Enquanto uma parte da sociedade trabalha buscando alimentos e outros recursos, outra parte torna-se responsável pela proteção da comunidade e da prole alheia.
Homem primordial, no início dos tempos, quando viviam em bandos e em pequenas comunidades que quase sempre eram suas famílias


Tá, mas o que esta historinha tem haver com deus?

As pessoas justificam o altruísmo como sendo uma qualidade notadamente divina, o que é claro, não o é. Temos uma hipótese evolutiva para elucidar uma questão tão complexa como o altruísmo na sociedade moderna. Há muito tempo atrás, como na historinha que eu contei, as tribos, vilas e clãs eram aglomerados de famílias, ou seja, todos eram aparentados uns aos outros. Uns eram primos, outros irmãos, outros sobrinhos, e assim por diante. Havia um laço sanguíneo relativamente próximo que unia todas estas pessoas, o que sustentava que uma pessoa cuidasse da outra, afinal, todos eram da mesma família. Quero chegar no ponto de que a evolução faz com cuidemos da nossa prole como a coisa mais importante nesse mundo, afinal (sem mais delongas filosóficas sobre o sentido da vida) uma das únicas coisas que todos os seres vivos tem em comum é a replicação, multiplicação e o passar das características genéticas para os descendentes, e tal fenômeno faz com que nos esforcemos ao máximo para garantir que nosso material genético será passado adiante, e faz também com que tenhamos uma afinidade ainda maior com aqueles que são nossos parentes pois, compartilhamos mais genes (material hereditário herdável) com nosso primo mais distante do que com alguém que more do outro lado do planeta.

Uma família da idade das cavernas!

Proteger a prole é o mesmo que garantir (do ponto de vista estritamente biológico) que passamos por este mundo e deixamos nossa marca aqui na forma de nossos descendentes, que compartilham alguns genes conosco.  Com o passar do tempo as vilas e comunidades foram crescendo de forma exponencial de forma que nem todos que moravam naquela mesma região ou cidade tinham algum grau de parentesco mas ainda assim as pessoas mantiveram o hábito ou a tradição de continuar a proteger e ajudar o próximo voluntariamente. Esta história toda é um fato, e fato este observado em mais de um grupo de animais (macacos, aves, homem) que corrobora a hipótese de que o altruísmo surge dentro de uma sociedade sem que haja nenhum tipo de religiosidade ou misticismo. Há alguns problemas nesta hipótese, como veremos no próximo post. Até o próximo galera!



Um comentário:

  1. Aqui no Brasil um enganador de pessoas, tutelador de crentes-fiéis, está perambulando de avião só armando covardia contra os ateus, mas a pulhice é maior ainda, uma "convocação ecumênica" está trançando uma eliminação sumária de ateus e afins (as firmasinhas de "segurança" infestadas de 'capacitados' e 'resgatados por jeorsuis' estão aos poucos sendo doutrinadas pra isso).
    Mas há indícios fotes de intervenção:
    Nossa Civilização atingiu um ponto crítico de autodestruição devido à alta poluição pscológico-civil feita pelas crenças. E assim, numa estupidez feuda,l tentaram alvejar passantes aí em nossa atmosfera -- não temos sequer a mínima condição nem de dispor-nos à proximidade e nem de recepcionar o que nossa pífia tecnologia (nas mãos de arremêdos de líderes, com uma bagagem sofrível em termos de educação civilizacional) jamais teria como se antepor e equiparar.
    Já fizemos besteira; esses canalhas teo-pulhíticos que nos aleijaram psicologicamente e atrofiaram nossa mentalidade civil estrapolaram tudo que é suporte-conceito que uma sociedade de inteligências conscientes têm a prezar; agora, estamos realmente com um grande problema.
    A prova do que está sendo comunicado neste comentário está bastante nítida lá no Clube Natureza Gleam, o que tá lá não é palhaçada fiada de embustes divinos de vigaristas-parasitas não; não são esses lixos de bíblias, alás, budas, xavecos.
    Estamos complicados. Com certeza estamos longe de sermos reconhecidos como seres civis; porque Planetas não são bairrotoss, e nem 'glérbas de jéorsuis', atolados até o pescoço sob pés insanos de feitores-chefetas-divinos arrostados com cacuete exacerbado de pajés falidos a amedrontar restos de tribos extintas..
    Comentário autorizado para postagem por Haddammann Veron

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