sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ad infinittum




Por muito tempo se discute fervorosamente acerca das razões pelas quais vivemos. Desde os tempos mais remotos, nas civilizações ocidentais ou orientais, preocupamo-nos em nos empenhar na busca por um álibi de nossa existência. Por quê, por quem ou pelo o quê vivemos, são estas as questões que certamente habitam até as mentes menos privilegiadas, pelo menos em algum momento da vida. Um motivo aparentemente vazio e sem significado, erroneamente¹ interpretado como uma crise existencial mas que inexoravelmente aflige a todos nós. Uma busca pelo mágico e especial, por algo que nos coloque em uma posição de destaque em relação aos nossos companheiros supostamente menos evoluídos. Traduzindo isso para a linguagem do parquinho: Queremos ser o preferidinho da professora, de forma que a única maneira de nos sentirmos assim é repetir a nós mesmos que somos especiais especiais e que independente da ótica alheia nós continuaremos a ser especiais.

Em alguns locais, como manicômios e hospitais psiquiátricos, as pessoas dizem ouvirem vozes, ou dizem que conseguem ver coisas que ninguém mais consegue. Há relatos desse tipo de comportamento em locais muito familiares a nós, mais familiar do que imaginamos, um local muito singelo e aparentemente confortador: igrejas. As pessoas nas igrejas dão um nome a esses tipos de delírios (há palavra mais apropriada para isso?), e o nome disso é Deus, por outro lado no hospício as pessoas dizem que em seus delírios elas conseguem ouvir e sentir distintamente a presença de Napoleão, Hitler, Alexandre ou qualquer outra personalidade histórica. Sem dúvida alguma a diferença que a sociedade vê entre esses dois tipos de crentes está nos números, a quantidade de fiéis as igrejas é muito superior a quantidade de doentes mentais internados (a dúvida que me apetece é : não seriam ambos a mesma coisa?).

Perde-se muito tempo com esse tipo de coisa, esse tipo de discussão é muito pouco parcimonioso e embora as evidências (ou a falta delas) estejam mais do que claras as pessoas ainda procuram uma resposta pra esse tipo de pergunta, um paradoxo há muito já resolvido. Há vida não tem sentido, nunca teve e nem terá, somos único e exclusivamente produtos da seleção natural. Não me importo com isso, e nem por isso vou deixar de viver e continuar a aproveitar a minha vida. Acredito que ainda podemos amar, se divertir e vivermos felizes. Certamente continuaremos a apreciar as belas músicas que ouvimos, ou a prestigiar as pessoas que nos são importantes e a debater sobre assuntos que jamais chegarão a nenhum consenso, como uma discussão banal sobre qual time é o melhor, e quer saber, continuaremos a ter ótimas refeições e é isso o que realmente importa, aproveitar a vida.

¹Erroneamente sim, uma vez que o processo de autoconhecimento e autoquestionamento é essencial para o desenvolvimento de qualquer indivíduo, independente de credo ou religião.

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